A concorrência no mercado farmacêutico brasileiro está acirrada. A comercialização de genéricos vem mostrando força e, para competir com eles, grandes laboratórios do país estão reduzindo o preço dos medicamentos de referência. Em drogarias de Belo Horizonte, é possível encontrar remédios patenteados até 40% mais baratos que os genéricos. Um bom exemplo é o Redulip, medicamento para emagrecer, que custa R$ 18,50 e tem a mesma composição e concentração do genérico sibutramina, vendido por R$ 31,30 na Drogaria Araujo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos – Pró-Genéricos, Odnir Finotti, essa tendência é um ciclo vicioso, que beneficia o consumidor. “A prática vem se tornando comum no Brasil e é a maior prova de que os genéricos cumprem o papel de regulador de mercado, estimulando a concorrência”, afirma. De acordo com ele, sempre que houver o lançamento do genérico, o preço do medicamento de referência deve ser reduzido. “E o preço do genérico reajustado novamente, forçando maiores quedas. Isso favorece o consumo e facilita o acesso dos consumidores aos medicamentos e à saúde”, ressalta.
Dados divulgados terça-feira pela Pró-Genéricos revelam que o mercado de genéricos apresentou crescimento de 34,1% em volume no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2009. É o maior crescimento semestral registrado pelo setor desde 2003. De janeiro a junho, foram comercializadas 200,4 milhões de unidades ante 149,4 milhões nos seis primeiros meses do ano passado. As vendas do segmento movimentaram R$ 2,8 bilhões em 2010, ante R$ 2,015 em igual período de 2009, crescimento de 38,1%.
Em relação à participação de mercado, os genéricos fecharam o semestre com 20,5% de market share em unidades, 2,5 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período do ano passado (18%). Pelo critério valor, encerraram o semestre com 16,5% de participação, contra 14,5% registrado em igual período de 2009.
Um exemplo que demonstra a elevação da concorrência no mercado farmacêutico foi a queda da patente do Viagra, em abril. Com a chegada do genérico ao mercado, laboratórios do país anunciaram a redução de 50% do preço do medicamento de referência. “Como a concorrência acirrou, os laboratórios começaram abaixar os preços consideravelmente. Com pouco tempo de mercado, o genérico do Viagra teve grande procura dos consumidores”, ressalta Odnir.
O gerente executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanc), Serafim Branco Neto, confirma a tendência de redução dos preços dos medicamentos de referência. “Quando existem no mercado produtos que têm composição, concentração e qualidade iguais, além do registo da Anvisa, eles passam a ter direitos iguais na economia”. Serafim Neto explica que os laboratórios são capazes de reduzir o preço dos remédios de referência, considerando que 20 anos de patente é o suficiente para que os fabricantes reponham todo o investimento do produto, seja em pesquisa ou em desenvolvimento.
O gerente da Droga Nova, na Região Centro-Sul de BH, Antônio Marciano de Souza, conta que a queda dos preços dos medicamentos de referência tem acontecido com frequência e acredita que o surgimento dos genéricos forçam a redução dos custos e preços dos patenteados. “Ou o preço do produto de referência fica menor que o genérico, estimulando novos reajustes, ou os preços se aproximam muito. Antes de lançar o genérico do Candicorte, remédio para micose, ele custava R$ 22, depois caiu para R$ 17,78 e seu genérico custa R$ 13,16”, explica. Souza ressalta que a prática favorece o consumidor e que os reajustes têm ocorrido principalmente quando se aproxima a queda das patentes.